Os Fundos de Investimento em Participação (FIPs) são uma opção relevante para os RPPS, embora apresentem características mais complexas e riscos maiores em comparação com outras modalidades de investimentos. Estes fundos são voltados para o investimento em empresas, geralmente de capital fechado, com o objetivo de adquirir participações acionárias e influenciar na gestão dessas empresas, buscando aumentar seu valor no longo prazo.
A participação em FIPs oferece a possibilidade de altos retornos, principalmente quando as empresas investidas crescem e apresentam uma valorização significativa. No entanto, é fundamental destacar que, devido à sua natureza, os FIPs também envolvem riscos elevados, como a dificuldade de liquidez, volatilidade e exposição ao desempenho operacional das empresas investidas. Esse cenário torna imprescindível a adoção de uma política de investimento clara e de uma análise rigorosa antes da alocação de recursos em FIPs.
Para os RPPS, o investimento em FIPs pode ser uma maneira de diversificar a carteira, aumentando a exposição a ativos de maior risco, mas também de maior potencial de retorno. É importante que a decisão de alocar recursos em FIPs esteja alinhada com os objetivos de longo prazo do regime e com a análise atuarial, que orienta a necessidade de liquidez e retorno para o pagamento de benefícios futuros. A Resolução 4.963/2021 do Conselho Monetário Nacional estabelece as diretrizes para a alocação de recursos dos RPPS, impondo limites rigorosos sobre o percentual que pode ser investido em ativos mais arriscados, como os FIPs. Portanto, o investimento nesses fundos deve ser feito de maneira criteriosa, respeitando os parâmetros de governança, gestão de riscos e diligência.
Além disso, é essencial avaliar a gestão e a transparência dos FIPs antes de qualquer investimento. Os gestores desses fundos possuem um papel central, sendo responsáveis pela escolha das empresas, pelo acompanhamento da gestão e pelas decisões de desinvestimento. Por isso, os RPPS devem buscar fundos geridos por equipes experientes, com histórico comprovado de sucesso em investimentos de participação.
Outro aspecto relevante é a liquidez. FIPs, por natureza, possuem baixa liquidez, já que os investimentos são feitos em empresas que não estão listadas na bolsa de valores. O retorno esperado só é realizado após o desinvestimento, que pode ocorrer em um horizonte de longo prazo, o que exige paciência e visão estratégica por parte dos gestores dos RPPS.
Os FIPs podem agregar valor à carteira de investimentos dos RPPS, desde que alocados com cuidado, respeitando os limites legais e considerando as características específicas desse tipo de ativo. Eles podem proporcionar diversificação e ganhos expressivos no longo prazo, mas os gestores de RPPS devem estar cientes dos riscos envolvidos e assegurar uma análise criteriosa, além de uma política de investimentos robusta e bem definida, sempre em conformidade com a legislação vigente e as diretrizes estabelecidas pelo cálculo atuarial.