A gestão dos Regimes Próprios de Previdência é um desafio constante que exige atenção redobrada por parte dos gestores, especialmente daqueles que assumem novas responsabilidades diante das mudanças de governo. A solidez e a sustentabilidade desses regimes dependem de uma condução criteriosa, que vá além do cumprimento das normas e regulamentos, alcançando uma relação de confiança com todos os atores envolvidos na governança, com o ente federativo e, principalmente, com os servidores que são os maiores interessados na segurança de seus benefícios futuros.
A governança de um RPPS envolve a interação com diversos agentes que desempenham papéis fundamentais no funcionamento do regime, como conselheiros, membros de comitês e dirigentes. Cada um desses atores tem responsabilidades que, quando bem exercidas, contribuem para a gestão eficiente dos recursos e a tomada de decisões acertadas. No entanto, para que isso ocorra, é imprescindível estabelecer um ambiente de diálogo transparente, capacitação contínua e engajamento efetivo. A falta de alinhamento entre os gestores e esses agentes pode comprometer não apenas a eficácia da gestão, mas também a credibilidade do regime perante a sociedade e os órgãos de controle.
A relação com o ente federativo, por sua vez, é um dos aspectos mais sensíveis da gestão previdenciária, uma vez que a manutenção da regularidade dos repasses e o cumprimento das obrigações legais são essenciais para garantir a saúde financeira do RPPS. Os novos gestores precisam estar cientes de que a interlocução com o executivo municipal ou estadual deve ser pautada pela clareza na comunicação e pelo compromisso com o equilíbrio atuarial. A construção de um relacionamento institucional sólido, baseado em informações precisas e em uma postura proativa, contribui para a criação de um ambiente favorável ao cumprimento das responsabilidades e à busca de soluções para desafios como a adequação à legislação vigente e a gestão de eventuais déficits.
Outro aspecto que demanda atenção especial é a transparência na prestação de contas. Mais do que uma obrigação legal, a transparência deve ser encarada como uma ferramenta estratégica para fortalecer a confiança de todos os envolvidos. Os novos gestores precisam adotar uma postura proativa na divulgação de informações, garantindo que os dados sejam apresentados de forma clara e acessível, permitindo que servidores, aposentados, pensionistas e a sociedade em geral compreendam a situação financeira e atuarial do regime. Relatórios periódicos, reuniões abertas e a disponibilização de informações em canais acessíveis são práticas que demonstram comprometimento e responsabilidade, afastando dúvidas e reforçando a credibilidade do RPPS.
A relação com a sociedade e, principalmente, com os servidores, é outro pilar essencial que não pode ser negligenciado. Os servidores são os principais beneficiários do regime e, por isso, precisam ser constantemente informados sobre a gestão dos recursos e as políticas adotadas. É fundamental que os gestores adotem uma comunicação clara, contínua e educativa, promovendo o entendimento sobre a importância da sustentabilidade do regime e os impactos das decisões tomadas. O desconhecimento gera insegurança e desconfiança, enquanto uma abordagem transparente fortalece a relação de confiança e a adesão às diretrizes da previdência. Além disso, a promoção de ações de educação previdenciária contribui para que os servidores compreendam melhor seus direitos e deveres, estimulando uma participação mais ativa e consciente.
A chegada de novos gestores representa uma oportunidade para fortalecer esses pilares de governança, relacionamento institucional e transparência. A administração eficiente de um RPPS exige planejamento, conhecimento técnico e uma postura ética e responsável, que permita a construção de um ambiente seguro e sustentável para todos os envolvidos. O sucesso na gestão previdenciária não se resume apenas ao cumprimento de exigências legais, mas sim à capacidade de estabelecer conexões sólidas, promover a transparência e garantir que as decisões estejam sempre voltadas para o melhor interesse dos servidores e da sociedade.