A liberação de investimentos em criptomoedas no Brasil traz um novo leque de oportunidades para investidores, especialmente após a regulamentação estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por meio da Resolução 175/2022. Essa resolução permite a criação de fundos de investimento em criptoativos, viabilizando o acesso a essa classe de ativos de maneira regulada e estruturada, proporcionando maior segurança aos investidores e ao mercado financeiro como um todo.
Criptoativos, como o Bitcoin, Ethereum e outros, são moedas digitais criadas para transações virtuais, funcionando em redes descentralizadas, geralmente baseadas na tecnologia blockchain. Essa tecnologia garante a transparência das transações e a segurança do registro das operações, sem a necessidade de intermediários tradicionais, como bancos ou governos. Cada criptomoeda tem um propósito específico: algumas servem como meio de pagamento, outras para contratos inteligentes ou até mesmo como reserva de valor digital.
Apesar da regulamentação, é fundamental entender os riscos e limitações ao investir em criptoativos. Um dos principais riscos é a alta volatilidade dos preços. Em poucas horas, o valor de uma criptomoeda pode subir ou cair drasticamente, gerando tanto oportunidades de lucro quanto perdas significativas. Essa volatilidade é influenciada por fatores como notícias globais, adoção ou rejeição por grandes players, e a própria especulação do mercado, o que exige que o investidor tenha uma tolerância elevada ao risco e um horizonte de investimento adequado.
Outro risco relevante é o risco de segurança, visto que os criptoativos são digitais e podem ser alvo de fraudes, golpes e ataques cibernéticos. Para mitigar esse risco, é essencial utilizar exchanges (corretoras) confiáveis, que ofereçam práticas robustas de segurança, como autenticação em dois fatores, armazenamento em carteiras frias e seguro contra ataques cibernéticos. Além disso, é recomendável que o investidor não mantenha grandes quantias nas exchanges, preferindo armazená-las em carteiras digitais pessoais mais seguras, conhecidas como “carteiras frias”.
A Resolução 175/2022 da CVM especifica diferentes categorias e tipos de fundos de investimento em criptoativos. No entanto, é importante destacar que nem todas essas categorias são acessíveis para determinados investidores institucionais, como os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). De acordo com as normas vigentes, as categorias e classes de cotas de fundos de investimento previstas na Resolução 175/2022, que não possuem correspondência nos fundos estabelecidos pela Resolução CMN nº 4.963, de 2021, não podem ser utilizadas pelos RPPS. Assim, os RPPS, que seguem regras rígidas de alocação de ativos, não podem investir diretamente em criptoativos, embora possam ter exposição indireta a essa classe de ativos por meio de fundos regulados, como fundos multimercados que incluam criptoativos em sua composição.
No Brasil, os fundos de pensão também não podem alocar diretamente em criptoativos, dado o caráter conservador das regras que visam proteger os recursos de aposentadoria dos participantes. No entanto, existem veículos de investimento que permitem exposição indireta a criptomoedas, como fundos de investimento em índices (ETFs) de criptoativos e fundos de fundos que possuem parte de suas alocações em produtos relacionados a criptoativos.
Para aqueles que desejam investir em criptomoedas, é fundamental realizar uma análise criteriosa dos ativos e do mercado. Alguns fatores essenciais a serem avaliados incluem:
- Propósito e funcionalidade da criptomoeda: Cada ativo tem um objetivo específico, seja como moeda digital, plataforma de contratos inteligentes ou outro uso. Compreender a proposta é fundamental para determinar seu potencial de valorização e de utilidade a longo prazo.
- Equipe de desenvolvimento e comunidade: Projetos bem-sucedidos são sustentados por uma equipe de desenvolvimento qualificada e por uma comunidade ativa de usuários. Uma base de desenvolvedores comprometida, aliada a um plano de desenvolvimento claro e realista, confere maior credibilidade ao projeto.
- Liquidez e capitalização de mercado: Criptoativos com maior volume de negociação tendem a ser menos voláteis e menos suscetíveis a manipulações de preço. A capitalização de mercado também oferece uma visão do tamanho e da adoção do ativo.
- Riscos e concorrência: O mercado de criptoativos é altamente dinâmico e competitivo, com novos projetos emergindo constantemente. Avaliar a concorrência e os desafios que o ativo pode enfrentar é essencial para uma decisão de investimento fundamentada.
- Regulamentação: Mesmo com a regulamentação brasileira em andamento, o cenário regulatório global pode afetar o preço e a adoção dos criptoativos. Mudanças nas políticas governamentais, em qualquer parte do mundo, podem impactar significativamente o mercado.
- Gestão de risco e diversificação: Definir uma estratégia clara de investimento, como o valor a ser investido, o prazo de permanência no ativo e os limites de perda e ganho, é fundamental. Estratégias como diversificação e investimentos graduais podem ajudar a minimizar os riscos.
Investir em criptoativos pode ser uma forma eficaz de diversificação de portfólio, mas exige uma abordagem cautelosa, conhecimento e gerenciamento de riscos. O mercado oferece grandes oportunidades, mas é igualmente repleto de incertezas e desafios. Assim, é fundamental que os investidores se mantenham informados, atentos às regulamentações e conscientes dos riscos envolvidos antes de alocar parte de seus recursos nesse setor emergente.