A compreensão do sistema previdenciário dos servidores públicos é uma responsabilidade importante para os novos dirigentes dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Esse sistema, que visa garantir segurança financeira aos servidores ao longo do tempo, possui complexidade intrínseca devido às suas bases legais, técnicas e atuariais. A capacidade de compreender suas nuances e desafios permite uma gestão mais eficiente e sustentável, impactando diretamente a saúde financeira do regime e o cumprimento das obrigações com os beneficiários.
O primeiro aspecto essencial é a estruturação do RPPS, que deve seguir regulamentações específicas, como a Lei nº 9.717/98 e a Resolução CMN nº 4.963/2021. Esses normativos orientam sobre as diretrizes de investimentos, a responsabilidade de cálculo atuarial e a necessidade de equilíbrio financeiro e atuarial do regime. Muitos dirigentes, ao assumirem suas funções, se deparam com essas exigências pela primeira vez, o que reforça a importância de capacitação técnica e jurídica para lidar com a gestão previdenciária.
Além disso, compreender o equilíbrio atuarial é fundamental. Esse conceito envolve a relação entre os recursos disponíveis e os compromissos futuros do RPPS. O cálculo atuarial é um dos pilares para a definição do Plano de Custeio, que orienta os aportes necessários tanto do ente público quanto dos servidores para garantir o pagamento dos benefícios ao longo do tempo. O desconhecimento dessa dinâmica pode acarretar déficits atuariais, colocando em risco a viabilidade do regime.
Os desafios não param por aí. Muitos RPPS enfrentam problemas decorrentes de inadimplência de aportes por parte do ente público, o que gera um efeito cascata de dificuldades financeiras. Esse cenário exige dos dirigentes uma postura firme, baseada em governança e transparência, para cobrar e garantir o cumprimento das obrigações legais. Além disso, é essencial adotar boas práticas de gestão financeira, como o acompanhamento da política de investimentos e o monitoramento das aplicações realizadas, sempre alinhando o retorno esperado com a segurança e liquidez necessárias.
Outro ponto crítico é a gestão de riscos, tanto financeiros quanto operacionais e reputacionais. O dirigente deve ter uma visão clara dos riscos que podem impactar o RPPS e implementar ferramentas de mitigação, como auditorias regulares, mecanismos de controle interno e avaliações periódicas da situação econômica do regime. Uma má gestão dos riscos pode comprometer não apenas o equilíbrio atuarial, mas também a credibilidade do regime perante os segurados e a sociedade.
Ademais, a educação previdenciária deve ser vista como uma aliada importante. Os novos dirigentes têm a responsabilidade de comunicar de forma transparente as regras do sistema, os desafios enfrentados e as ações necessárias para garantir sua sustentabilidade. A conscientização dos servidores e demais envolvidos sobre a importância das contribuições, do equilíbrio financeiro e do papel do RPPS como um sistema solidário contribui significativamente para o fortalecimento do regime.
Por fim, é importante destacar que os novos dirigentes enfrentam um cenário de constantes mudanças legislativas e econômicas. A necessidade de atualização contínua sobre normas, políticas econômicas e tendências de mercado torna o processo de gestão dinâmico e desafiador. Por isso, a busca por capacitação técnica, a troca de experiências com outros gestores e o acompanhamento das melhores práticas do mercado são elementos que fortalecem o desempenho das funções e asseguram uma gestão mais eficiente e profissional. Em suma, compreender o sistema previdenciário dos servidores públicos e seus desafios é fundamental para os novos dirigentes dos RPPS. Uma gestão embasada em governança, equilíbrio atuarial, controle de riscos e educação previdenciária não apenas assegura a saúde financeira do regime, mas também promove a confiança e a segurança necessárias para os beneficiários. O futuro do RPPS depende diretamente da competência e do compromisso de seus gestores.