O estudo atuarial é uma peça fundamental para a elaboração de uma Política de Investimentos eficaz em Regimes Próprios de Previdência. Essa relação entre atuária e política de investimentos reflete diretamente na sustentabilidade financeira do regime e na capacidade de cumprir com as obrigações previdenciárias ao longo do tempo. O cálculo atuarial serve como base para a definição das estratégias de investimento, uma vez que fornece informações detalhadas sobre o passivo previdenciário, ou seja, sobre as obrigações futuras que o RPPS terá com seus segurados.
A atuária é responsável por projetar o comportamento financeiro de um RPPS, levando em consideração variáveis demográficas, como a expectativa de vida dos segurados, e variáveis financeiras, como taxas de retorno esperadas dos investimentos. A partir desses cálculos, é possível estimar o valor presente das futuras obrigações do regime, auxiliando na definição do quanto deve ser acumulado em ativos para garantir o pagamento dos benefícios prometidos.
Com base nessas informações atuariais, a Política de Investimentos é elaborada visando alinhar os objetivos de rentabilidade, liquidez e segurança ao perfil do passivo do RPPS. Um ponto essencial que conecta esses dois campos é a necessidade de liquidez. O estudo atuarial aponta os prazos e montantes em que o RPPS deverá ter recursos disponíveis para honrar o pagamento de aposentadorias e pensões. Portanto, a Política de Investimentos precisa prever estratégias que garantam recursos disponíveis nos momentos certos, sem comprometer a rentabilidade do fundo.
A escolha dos ativos em que o RPPS investirá é diretamente influenciada pelo perfil do passivo projetado pelo cálculo atuarial. Se o passivo indicar que haverá grande necessidade de liquidez a curto prazo, a política deverá privilegiar investimentos mais conservadores e líquidos, como títulos públicos ou fundos de renda fixa. Por outro lado, se o estudo atuarial demonstrar que as obrigações a curto prazo são menores, o RPPS pode adotar uma política mais arrojada, com maior alocação em ativos de renda variável, visando aumentar a rentabilidade no longo prazo.
Além disso, o cálculo atuarial orienta a reavaliação periódica da Política de Investimentos. Sempre que há uma nova avaliação atuarial, é necessário verificar se as projeções feitas anteriormente permanecem válidas ou se o cenário mudou, exigindo ajustes na estratégia de alocação de ativos. Por exemplo, mudanças nas taxas de juros, na inflação ou na expectativa de vida dos beneficiários podem afetar diretamente o montante necessário para garantir o pagamento dos benefícios e, consequentemente, as decisões de investimento.
Outro ponto de conexão entre o estudo atuarial e a política de investimentos é a gestão de risco. O estudo atuarial fornece uma visão detalhada dos riscos que o RPPS enfrenta, como o risco de longevidade, que ocorre quando os beneficiários vivem mais do que o previsto, ou o risco de inflação, que pode corroer o poder de compra dos benefícios futuros. Com essas informações, a Política de Investimentos deve buscar não só maximizar a rentabilidade, mas também mitigar esses riscos, adotando uma estratégia diversificada e adaptável às mudanças econômicas e demográficas. Portanto, a relação entre o estudo atuarial e a política de investimento dos RPPS é uma das mais importantes na gestão previdenciária. Sem o suporte de um cálculo atuarial bem estruturado, a definição da política de investimentos corre o risco de não estar adequada às reais necessidades do fundo. Da mesma forma, uma política de investimentos mal definida pode comprometer o equilíbrio atuarial, tornando o RPPS incapaz de honrar seus compromissos com os segurados. Assim, ambos os campos atuam de forma interdependente para assegurar a saúde financeira e a sustentabilidade de longo prazo do regime.