A boa gestão financeira de um Regime Próprio de Previdência não se constrói apenas com bons investimentos, mas com boas escolhas de parceiros. O credenciamento de instituições como administradores, gestores de fundos, instituições financeiras e custodiantes é o primeiro passo para garantir que o patrimônio previdenciário seja tratado com o cuidado e a competência que ele exige. Esse processo, muitas vezes visto como uma formalidade, é na verdade um instrumento de proteção e de governança.
Ao selecionar quem terá acesso à gestão dos recursos do RPPS, o ente público assume uma das decisões mais sensíveis e estratégicas da administração previdenciária. Por isso, o credenciamento não pode ser limitado apenas às instituições que já mantêm negócios com o regime, como se o universo das possibilidades se restringisse ao círculo das relações conhecidas. Pelo contrário, é preciso abrir o leque — credenciar todas as instituições que possam oferecer produtos de investimento ou serviços que atendam, de fato, às necessidades do RPPS, dentro das regras legais e das boas práticas de mercado. Essa postura amplia as opções, estimula a concorrência saudável e reduz o risco de dependência de poucos prestadores.
Contudo, a amplitude no credenciamento não dispensa o rigor na avaliação. É comum que alguns gestores se sintam confortáveis ao trabalhar apenas com instituições que constam na lista exaustiva da Secretaria de Previdência. Essa lista, entretanto, não é um selo de garantia de qualidade ou de segurança. Ela apenas indica quem está autorizado a operar, não quem é capaz de entregar resultados consistentes e éticos. A verdadeira segurança está em avaliar com profundidade a experiência, o porte, a estrutura e o histórico de cada instituição.
A análise deve começar pela experiência comprovada no mercado. Instituições com longa trajetória demonstram resiliência e capacidade de adaptação às diferentes conjunturas econômicas. O volume de recursos sob gestão também é um indicativo importante, pois revela a confiança do mercado e a estrutura operacional de que dispõem para gerir grandes carteiras. Mas não basta olhar o tamanho; é essencial compreender como esses recursos são administrados, quais estratégias de investimento são utilizadas e como respondem aos períodos de volatilidade.
Outro ponto que deve ser observado com atenção é a história de resultados — tanto os de sucesso quanto os de fracasso. Conhecer os momentos em que a instituição prosperou e, principalmente, como reagiu quando enfrentou dificuldades, diz muito sobre a maturidade da gestão e o compromisso com a transparência. Um gestor que aprendeu com os erros do passado tende a ser mais prudente e consciente dos riscos que assume.
No caso das instituições custodiante, a análise deve considerar não apenas o custo do serviço, mas também a solidez, a confiabilidade dos sistemas de controle e a capacidade de fornecer informações tempestivas e precisas. Afinal, a custódia é a guardiã silenciosa dos ativos, aquela que garante que cada título, cada cota e cada registro reflita fielmente o que pertence ao RPPS. Um erro de custódia pode ser invisível no curto prazo, mas devastador no longo.
Portanto, o credenciamento é mais do que uma exigência formal — é um exercício de responsabilidade e de zelo pelo futuro dos segurados. Ele deve ser feito com amplitude, mas também com critério, buscando equilíbrio entre abertura e rigor técnico. A gestão previdenciária não comporta improvisos: cada instituição escolhida deve ser um elo confiável na corrente que sustenta a segurança financeira e a dignidade dos servidores públicos. Credenciar bem é, antes de tudo, um ato de confiança consciente. No universo previdenciário, essa confiança não nasce de promessas, mas de análises criteriosas, decisões ponderadas e compromissos firmes com a responsabilidade pública. Cada instituição escolhida carrega consigo uma parte do destino financeiro de centenas de servidores e aposentados — e essa escolha exige prudência, técnica e sensibilidade. Ainda há muito a ser olhado além dos números e dos nomes, porque a boa gestão começa onde termina a aparência: na capacidade de transformar segurança em valor, e valor em futuro.