A gestão de carteiras para RPPS é um dos pilares fundamentais para garantir a sustentabilidade e o equilíbrio dos fundos previdenciários. Mais do que buscar rentabilidade, a gestão eficiente visa assegurar que os investimentos estejam alinhados com a legislação vigente e com os princípios de segurança, rentabilidade e liquidez.
A gestão deve seguir três princípios básicos definidos tanto pelas regulamentações quanto pelas boas práticas de mercado. O primeiro é a segurança, que exige a aplicação dos recursos de maneira a minimizar riscos significativos de perda. Isso implica priorizar investimentos em ativos de alta qualidade, de emissores com bom histórico de solvência, além de adotar a diversificação como estratégia para reduzir riscos. O segundo é a rentabilidade, que consiste em obter retornos satisfatórios para garantir o pagamento dos benefícios previdenciários, sempre ponderando os riscos envolvidos para alcançar um equilíbrio adequado. O terceiro é a liquidez, ou seja, a capacidade de transformar ativos em dinheiro rapidamente e sem perdas relevantes, o que é fundamental para honrar os compromissos de curto e médio prazo do regime.
No âmbito das estratégias, destaca-se a alocação de ativos, que organiza os investimentos entre diferentes classes — como títulos públicos, fundos de renda fixa, fundos de renda variável, fundos imobiliários e investimentos no exterior — de acordo com o perfil de risco, as metas de rentabilidade e as necessidades de liquidez do RPPS. Comumente, a política de investimento dos RPPS é mais conservadora, priorizando a renda fixa. O rebalanceamento de carteira é igualmente essencial para corrigir desvios provocados pelas flutuações do mercado, mantendo a aderência às diretrizes estabelecidas. Já a análise de risco exige monitoramento constante dos riscos de mercado, de crédito e de liquidez, utilizando ferramentas especializadas e, em muitos casos, contando com gestores certificados e experientes.
Para assegurar uma gestão eficiente e responsável, é indispensável adotar práticas de governança e conformidade rigorosas. A governança orienta as decisões dos gestores, buscando a transparência, a responsabilidade e a proteção dos interesses dos beneficiários. A política de investimentos é o instrumento central desse processo, definindo os parâmetros para a gestão dos recursos e devendo ser revisada periodicamente conforme a evolução do mercado e da conjuntura econômica.
A conformidade, por sua vez, garante que todas as ações de gestão estejam estritamente alinhadas à legislação e às normas regulatórias estabelecidas pelos órgãos supervisores, como o Ministério da Previdência. O cumprimento rigoroso dessas normas é crucial para evitar sanções e preservar a credibilidade da gestão. A prestação de contas clara, o monitoramento contínuo dos investimentos e a realização de auditorias independentes são práticas indispensáveis para manter a integridade do RPPS.
Outro fator essencial para a boa gestão de carteiras é a capacitação contínua dos gestores, conselheiros e membros dos comitês de investimento. Como o ambiente financeiro é dinâmico e repleto de complexidades técnicas, é imprescindível que esses profissionais participem de cursos, seminários e programas de certificação que os mantenham atualizados e aptos a tomar decisões fundamentadas nas melhores práticas de mercado.
Portanto, a gestão de carteiras para RPPS é uma atividade que demanda equilíbrio cuidadoso entre segurança, rentabilidade e liquidez, aliada a um firme compromisso com a governança e a excelência técnica. O sucesso dessa gestão não está apenas em gerar retorno financeiro, mas, sobretudo, em garantir que os recursos estarão disponíveis para honrar as obrigações futuras do regime, preservando a proteção dos servidores e a sustentabilidade do sistema no longo prazo.